Esse nome e nomenclatura são tão cômicos, e irônicos, que são até dignos de uma piada sem graça de zorra total.
Sabe o que acontece quando uma estrela se apaga? Ela vira um buraco negro, e vai sugando e absorvendo tudo o que há em volta como um aspirador gigante natural. Por muito tempo me senti assim como um pólo positivo ambulante, mas que aspirava tudo de negativo à minha volta. Só aos poucos fui percebendo que o problema nunca fui eu. O grande buraco negro metaforicamente falando, claro, é quem vê sua estrela se apagando, e tenta desesperadamente engolir as brilhantes envolta.
Eu já tava um pouco revoltada com a cidade onde moro, Ubá. Aí quando criaram o formspring.me e deram na mão desses moradores monstrinhos manchados de falsidade, eles viram a oportunidade perfeita de fazer o que sempre fizeram muito bem, a especialidade: falar pelas costas, covardemente, sem mostrar a cara. Só que dessa vez, abrangendo um público muito maior, e mais variado. Porém, variado em teoria, porque para mim, como vamos dizer, mudam de endereço, nome, numerologia, e são ainda farinha do mesmo saco.
Para todo transbordamento há uma gota d’água singular, especial, e única. E a minha foi essa:
(uma pergunta do meu formspring.me que respondi inevitavelmente com o desprezo)
Se alguém, por favor, souber me explicar o sentido disso, tendo em vista que todos nós sabemos que não foi pura e mera curiosidade, por favor, me ensina a viver de novo, a conviver de novo, a sobreviver. Obviamente, e ainda assim surpreendentemente isso já vinha acontecendo há algum tempo. E até entendo. Como colocar uma tecnologia dessas nas mãos de um bando de agrestes famintos por fofoquinhas e mediocridades, e esperar mais do que restos de um veneno sem sentido nenhum?
É a típica e épica estória ‘se não pode vencê-los, diminua-os e eles parecerão fielmente inferiores’, ou para os menos providos de inteligência é o caso daquelas pessoas que acham que serão mais felizes, caso as outras pessoas sejam infelizes, e mais do que acharem, movem os pauzinhos para isso. Eu não sei o que se passa na cabeça dos mesmos, talvez uma questão de escala matemática. Ou talvez se comparem com as pessoas e tomem isso como uma verdade absoluta, uma obsessão cega.
Não, eu não estou exagerando. Toda cidade tem seu point, por exemplo. Aqui também têm vários, só que os points aqui se resumem a um lugar aonde você vai, mas tem que dar satisfações para ser aceito, ou seja, você chega, e tem que passar por, pessoa por pessoa, afim de que elas te olham de cima a baixo, para depois escrever em num formspring.me especial sobre fofocas, e assinar anonimamente, caso você tenha esquecido o zipper aberto, tenha uma rachadura em seu esmalte, ou seu cabelo esteja mal penteado.
Talvez eu tenha outro conceito de defeitos, ou talvez eu seja profunda demais. Mas o que esses completos imbecís pensam que vão magoar mais uma pessoa? Falarem o quanto ela está mal vestida, ou dizerem que o caráter dela é mal formado? E aí é que está! Ultimamente, a futilidade comanda tanto, que está quase a ponto das pessoinhas pedirem ‘me chama de vagabunda, mas, por favor, não fala que meu all star tava descombinado com aquela blusa!’
Bom, eu me sinto a maça não estragada e madura, em meio a tantas – quase todas – podres. E eu não tenho medo de sair na rua, mesmo sabendo que estão comentando sobre mim, ou minha família, procurando algum defeito para apontarem com objetivo de se sentirem melhores, superiores. Minha indignação está toda em ter que reclamar sozinha, e me sentir clichê por ser a certa. Por vezes eu fiquei até em dúvida, se estava mesmo certa, em gritar o quanto odeio, abomino, e me arredo de toda essa hipocrisia, dessa cidadezinha que já ligou para aparências, e hoje não tá nem fudendo para tudo o que tá acontecendo em volta. E fala ‘eu sou falso(a) mesmo’ o tempo todo, na cara de quem já jurou/fingiu amar. Eu te amo, é bom dia aqui, e eu queria acreditar que isso é só modo de dizer, ou um costume local.
Queria bastante fazer uma paródia com ‘Ubá cidade carinho‘ o nome, e apelido respectivamente dessa cidade. Achei um bem interessante, em meio ao quinhão de sátiras que eu preparei: Ubá, cidade carinhas.
Carinhas que acham legal fazer um vídeo expondo intimidades com a ‘ficante’, e carinhas que se acham no direito de julgar e rir de tudo isso. Carinhas que esfaqueiam pelas costas, o melhor amigo, e até o próprio pai se quiser pegar a madrasta. Carinhas que parcelam um tênis caro em 24 vezes para poder pisar em outros carinhas. Carinhas que valorizam pessoas sem valor. Carinhas que fofocam como mulherzinhas, e fazem uma amizade de infância virar poeira, brincando. E carinhas, de falsidade: a carinha que as pessoas fazem enquanto dizem por fora ‘eu te amo’, e pensam por dentro ‘quero ser você, quero te destruir, quero ficar no seu lugar, quero ter sua vida, quero tirar tudo o que você tem, e queria poder te derrubar apenas com o poder da mente’. Carinhas, máscaras.
Ah, sim há exceções sim. Mas se não me engano, quem tem oportunidade, juízo e experiência, se afasta e vai morar bem longe. Assim, espero que só sobre mesmo o descartável, a casca, o oco por aqui, para que possam todos um dia, destruírem uns aos outros, transformando toda a inveja, competitividade besta, e própria futilidade, em vários pequenos buracos negros que destruam tudo por onde passarem, e dissolvam tudo o que absorverem.
Eu não sei se evoluir apenas, seria a solução, uma revolução fosse, talvez. Ainda assim, enquanto é tempo, em um apelo ingênuo e tardio, evolução, por favor!
Abraços, Amanda.